GLOSSÁRIO

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ACULTURAÇÃO
Modificação de uma cultura ao contato com outra. A palavra foi introduzida em antropologia nos anos 1940, no âmbito do movimento “culturalista”. Em uma época marcada pelo colonialismo e pelas transformações operadas no seio das sociedades tradicionais pela modernidade, empregou-se principalmente o termo de aculturação no caso de uma cultura dominada que, colocada em contato com uma cultura dominante, sofre muito intensamente sua influência e perde sua própria substância original. A antropologia contemporânea, que tem uma visão menos homogênea das culturas, acentua a diversidade dos processos de transformação de uma cultura em contato com outras, sublinhando os fenômenos de sincretismo, de integração, de influência. (DORTIER, 2010, p.5)

ARTES LIBERAIS
Denominação atribuída, a partir do séc. I d.C, ao conjunto dos nove saberes dignos de estudo por um homem livre (gramática, retórica, lógica, aritmética, geometria, astronomia, música, arquitetura e medicina). Tal conjunto tem sua origem na Grécia com o ensino musaico (baseado nas nove musas filhas de Zeus que representam os saberes) em oposição às artes praticadas pelos servos, de caráter manual ou artesanal. Marciano Capella no séc. V aplica o conceito às disciplinas chamadas Trivium (gramática, retórica e lógica) e Quadrivium (aritmética, geometria, música e astronomia). Na Idade Média o Trivium foi ministrado nas escolas monacais e capitulares, antes de ser nas universidades, aonde conduzia a um bacharelado; para a licenciatura exigia-se também o Quatrivium, em alguns casos acrescia-se a Física aristotélica. Trivium e Quatrivium, constituindo em conjunto as Artes Liberais eram ensinados na Faculdade das Artes, como um propedêutico para o acesso às outras faculdades: de Tecnologia, de Direito (civil e canônico) e de Medicina. A partir do século XVI os jesuítas fundaram colégios onde se davam as Artes Liberais, como o Colégio Real das Artes, em Coimbra, e o de Santo Antão em Lisboa.

AULAS RÉGIAS
“Eram aulas avulsas, sustentadas por um novo imposto colonial, o ‘subsídio literário’, paradoxalmente criado treze anos após o decreto que as instituíra (1772). Essas aulas deveriam suprir as disciplinas antes oferecidas nos extintos Colégios. Através delas, aquela mesma reduzida parcela da população colonial continuava se preparando para estudos posteriores na Europa.” (XAVIER, 1994, p.52)

ESTUDOS MENORES
“... eram formados pelas Aulas de ler, escrever e contar, também chamadas de primeiras letras, como, aliás, ficou mais conhecida, e também pelas aulas de humanidades, que abrangiam inicialmente as cadeiras de gramática latina, língua grega, língua hebraica, retórica e poética, mas foram acrescidas ao longo dos anos com outras cadeiras, como por exemplo filosofia moral e racional, introduzida a partir de 1772.” (CARDOZO, 2002, p.114)

JANSENISTA
Movimento de Cornelius Jansenius, que influenciado pelas idéias de Lutero sobre o pecado original, ensinava um conceito pessimista sobre a natureza humana, julgando-a escravizada à concupiscência e ao pecado. Admitiam que o homem só pode praticar o bem por causa da graça de Deus, um pessimismo acentuado pela tese de que Cristo não remiu todos os homens, mas apenas os predestinados.

LAISSEZ-FAIRE
É a teoria de que o governo não deve interferir na maioria das transações econômicas. Palavra de ordem do liberalismo econômico, cunhada no século XVIII pelos fisiocratas franceses, proclamando a mais absoluta liberdade de produção e comercialização de mercadorias. Em tradução direta significa "deixar fazer, deixar passar".

PAIDÉIA
O conceito que originariamente designava apenas o processo da educação como tal, estendeu ao aspecto objetivo e de conteúdo a esfera do seu significado, exatamente como a palavra alemã Bildung (formação) ou a equivalente latina cultura, do processo da formação passaram a designar o ser formado e o próprio conteúdo da cultura, e por fim abarcaram, na totalidade, o mundo da cultura espiritual: o mundo em que nasce o homem individual, pelo simples fato de pertencer ao seu povo ou a um círculo social determinado. A construção histórica deste mundo atinge o seu apogeu no momento em que se chega à idéia consciente da educação. Torna-se assim claro e natural o fato de os Gregos, a partir do século IV, quando este conceito encontrou a sua cristalização definitiva, terem dado o nome de Paidéia a todas as formas e criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição... (JAEGER, 1986, p.245-246)

ORBIS CHRISTIANUS
É uma imagem cristã medieval do mundo, em que o mundo é de Deus, e o seu representante na terra é a Igreja Católica. O Papa e os Reis tinham como missão entender e sustentar a fé, fazendo reinar a graça de Deus. Era missão divina daqueles que pelo próprio Deus haviam sido escolhidos como chefes, cumprir com a unidade da fé, trazendo todos os membros da sociedade a ela.

REDÍZIMA
Ao rei, cabia o monopólio sobre o pau-brasil, drogas e especiarias; o quinto (20%) dos metais e pedras preciosas; a dízima (10%) do pescado, de toda a produção agrícola ou manufatureira e sobre os direitos de alfândega. Aos donatários ou ao governador-geral, o monopólio de exploração dos engenhos; direitos de passagem dos rios; quinto da extração do pau-brasil, das especiarias, das drogas e de todos os produtos localizados na respectiva capitania; meia-dízima (5%) do pescado; redízima (1%) da todas as rendas da Coroa. À Igreja, a dízima, ou seja, 10% de todas as rendas. (PEREIRA, 1999)

Referências
CARDOSO, Teresa Levy. As luzes da educação: fundamentos, raízes históricas e práticas das aulas régias no Rio de Janeiro 1759-1834. Bragança Paulista: EDUSF, 2002.
DORTIER, Jean-François. Dicionário de Ciências Humanas. Coordenação da tradução Márcia Valéria Martinez de Aguiar. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
FREITAS, Gustavo de.  Vocabulário de História. Política, social, Econômica, Cultura e Geral. Lisboa: Plátano Editora, 1982.
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. Tradução de Artur M. Parreira. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
PEREIRA, Ivone R. A tributação na história do Brasil. Ed. Moderna: São Paulo, 1999.
XAVIER, Maria Elizabete; RIBEIRO, Maria Luisa; NORONHA, Olinda Maria. História da educação. A escola no Brasil. São Paulo: FTP, 1994.